“Eu sinto essa responsabilidade. Por isso, eu uso o cordão de girassol, que é um símbolo previsto em Lei como indicação de deficiência oculta, que não é imediatamente visível. Eu tento me lembrar de usar esse cordão todo dia justamente para lembrar quem tiver ao redor da minha condição. O autismo não tem cara, então parte de como eu tento encarar essa responsabilidade é sempre me apresentar como uma pessoa com deficiência”, pontua. “Autismo não tem cara” O autismo, de acordo como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades apresentadas em algum nível na comunicação, linguagem e interação social. Segundo o Ministério da Saúde, os sinais podem ser percebidos nos primeiros meses de vida da criança, e o diagnóstico definido por volta dos 2 ou 3 anos de idade. O diagnóstico, por sua vez, é clínico e deve ser feito por uma equipe multiprofissional. O neurogeneticista pediatra do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), vinculado à Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), André Pessoa, detalha o TEA. “Existem níveis de TEA diferentes. O grau de suporte 1 seria as formas teoricamente mais leves, com uma demanda um pouco menor. As formas de suporte 2 e 3 são onde a demanda é maior, de cuidados, de atividades da vida diária, de comunicação, de uma forma geral”. A ausência de dados recentes impede que saibamos mais informações atuais sobre esse recorte da população. Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado em 2010, no Brasil, há dois milhões de pessoas autistas. Entretanto, os diagnósticos em crianças, jovens e adultos têm crescido nos últimos anos. Segundo André Pessoa, o diagnóstico precoce e preciso é importante tanto na prevenção de fatores que possam atrapalhar ainda mais o desenvolvimento da criança, sendo um deles a exposição às telas, bem como o encaminhamento às terapias, que é de fator modificável. “O acesso às terapias é o que tem o maior impacto em melhorar o prognóstico dessas crianças. Na sua evolução funcional, de linguagem social, comportamental, até mesmo intelectual”, defende. Na rede pública de Saúde do Ceará, as crianças e adolescentes autistas contam com atendimento especializado ofertado pelo Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), da Rede Sesa. Para os adultos, o Governo do Ceará abriu, no início de 2024, o ambulatório de autismo para adultos, também no HSM. O ambulatório é pioneiro na rede pública do Ceará, e dispõe de profissionais especializados incluindo psicólogos e psiquiatras.
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