Idosos inscritos no Enem 2019 no CE somam quase o dobro de 2010

Quantidade de pessoas com 60 anos ou mais interessadas em realizar o exame nacional oscila, ao longo dos anos, mas ultrapassa 360 nesta edição. Para educadores, cenário reflete empoderamento e mudanças na educação

    Há três anos, José Francisco da Silva começou a estudar e usa a internet como fonte de pesquisa
Foto: Helene Santos 
Foram 36 anos longe de lápis e papel. Quase quatro décadas distante dos livros, das salas de aula, daquilo que, afinal, era um emaranhado de números e letras. A vontade de aprender, porém, sempre esteve perto da aposentada Raimunda do Carmo, que aos 67 anos está em processo preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019. Ela é uma das 363 pessoas de 60 anos ou mais inscritas na prova no Ceará, o correspondente a 0,1% dos 294.992 candidatos totais no Estado. O perfil dos cearenses inscritos foi divulgado, na última semana, pelo Ministério da Educação.
A quantidade de idosos cearenses interessados em realizar o principal exame para ingresso no ensino superior tem oscilado, nos últimos 10 anos. Se comparado ao de 2010, quando apenas 193 idosos efetivaram inscrição nas provas em todo o Estado, o número de inscritos da terceira idade na edição do Enem deste ano é 88% maior - por outro lado, é o menor desde 2012, quando teve 372 candidatos sexagenários. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), levantados peloNúcleo de Dados do Sistema Verdes Mares.
O nome de Raimunda esteve na lista de candidatos em, pelo menos, duas edições, quebrando uma barreira erguida desde 1980, quando parou de estudar sem ter concluído o ensino fundamental. Se, por um lado, a defasagem dificultava o retorno às aulas, em 2016, no Ceja Eudes Veras; por outro, as críticas que recebia de pessoas que a chamavam de "analfabeta" a impulsionaram ao objetivo.
"Deixei de estudar bem nova, depois que casei. Com meu filho no braço, ainda voltei, e desisti. Mas me incomodava, eu queria porque queria terminar meus estudos. Tive muita dificuldade nas aulas, no começo, porque tava com a mentalidade muito debilitada, não gravava nada direito, a redação era difícil? Mas disse que ia terminar, e terminei. Em 2018, recebi o certificado", relembra, orgulhosa, a aposentada - e estudante.
Empoderamento
Mesmo tendo concluído o ensino médio pelo EJA, Raimunda segue frequentando a escola para aprimorar redação e português, pontos importantes para passar no Enem deste ano e cursar Gastronomia ou Nutrição.
"As pessoas vão deixar livros no terminal, e alguns que me interessam eu pego, trago, leio e depois devolvo. A professora disse que a gente tem que ler bastante, e eu me sinto muito bem sabendo das coisas"
, declara.
Independentemente da queda nas inscrições de pessoas mais velhas, a busca delas por qualificação reflete uma maior amplitude de oportunidades, como avalia a orientadora da Célula de Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Secretaria da Educação (Seduc), Aparecida Prado. "Há 30 anos, essas pessoas tinham mais dificuldade de entrar numa universidade. Quem morava no interior e queria cursar, por exemplo, precisava vir à Capital. Hoje, terminando o ensino médio, isso se tornou mais próximo", pontua.
A professora do Departamento de Estudos Especializados da Faculdade de Educação da UFC, Maria José Barbosa, aponta que o Enem e programas de financiamento estudantil como o ProUni "retomaram a esperança" de idosos concluírem os estudos e chegarem ao ensino superior. "Hoje, eles se sentem motivados a fazer o curso dos sonhos e acreditam que podem entrar. O adulto que não estuda é emudecido por uma realidade que exige que ele tenha um título para poder falar. E os mais velhos encontram espaço na sala de aula para oralizar, se colocar, passar a ser respeitados", avalia.
Meta
Encontrar, aliás, é (depois de "aprender") o verbo mais conjugado pelo projetista José Francisco da Silva, estudante aos 64 anos e autodidata em computação. Há quase três anos, ele reencontrou o estímulo de que precisava para reiniciar os estudos a partir do ensino fundamental I, no Ceja Moreira Campos, em Fortaleza, e hoje se prepara para prestar o vestibular pelo Enem. A meta é ingressar em Engenharia Civil na UFC. "Já passei numa faculdade particular, mas não pude pagar. Meu maior sonho é concluir um curso superior, porque o estudo é infinito: quanto mais a gente estuda, mais tem conhecimento", ensina, definindo o retorno às salas como "a melhor coisa que lhe aconteceu".
Ao contrário de Raimunda, que ainda tem os livros como principais fontes de pesquisa, José recorre à internet para buscar matérias e simulados - de tão esforçado e inteligente, tornou-se referência inclusive entre os jovens. "Lá no Ceja, tem muitos meninos novos, me chamam de tio. Quando viram que eu tinha conseguido passar em 100% das matérias, diziam que eu tinha incentivado eles a estudar. Agora, tô revisando tudo, que é pra não perder o ritmo. Se você parar, já se torna mais difícil", reconhece José, "amante dos números", cujo maior temor em relação ao Enem é a redação.
Neste ano, o exame nacional chega à 21ª edição, e será realizado novamente em dois domingos consecutivos, dias 3 e 10 de novembro. Dos 119 municípios cearenses que registraram inscrições, cinco se destacam: Fortaleza, com 95.902; Juazeiro do Norte, 11.564; Caucaia, 10.149; Sobral, 8.712; e Maracanaú, com 7.675 inscritos. A maioria dos candidatos cearenses (45%) já concluiu o Ensino Médio, e 40% estão cursando a última série. Os chamados "treineiros" somam 14,5% das inscrições neste ano.


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Cícero Ferreira Lima, filho de Raimundo Nonato e Telma Ferreira, nasceu no dia 06 de Julho de 1970. E casado com Vanusa Alcântara e pai de Bruno Ferreira, músico profissional e acadêmico de odontologia. Cicero foi criado na região central da cidade, pois sua mãe, era dona de um restaurante no Mercado Central, onde trabalhava diariamente a onde acolhia os filhos quando voltavam da escola. Cícero, desde criança, gostava do Mercado onde fazia suas piruetas, mas por ser muito curioso, aproveitava a maior parte do tempo observando e até manuseando os novos aparelhos eletrônicos que apareciam, trazidas por camelôs ou pelas lojas de eletrodoméstico. Iniciou no ramo ligado a tecnologia fazendo gravações e reproduções em fitas K7 das músicas que faziam sucesso em discos ou pelas bandas musicais, que ele gravava ao vivo nas festas que acontecidas na cidade. Com o aparecimento das antenas parabólicas tronou-se um especialista na montagem daqueles equipamentos, montando este equipamento nas residências de vários municípios da região. No entanto, ao tomar intimidade com uma câmera fotográfica, sentiu que levava jeito para retratar profissionalmente todos os objetivos para onde direcionasse a objetiva. Neste mesmo período, nos anos de 1990, surgiram no mercado as famosas câmeras videocassete. Desta época em diante, muda de fotógrafo para cinegrafista, fazendo cursos por correspondência para melhor manusear aquele equipamento. Ao adquirir os equipamentos, passou a viver exclusivamente desta arte. Mas, além das filmagens que fazia por encomendas, (casamentos, aniversários, batizados etc.) Cícero passou a filmar para arquivo pessoal e hoje históricos, o Assaré com suas riquezas. No seu arquivo pessoal guarda imagens das festas populares na cidade e na zona rural, competições esportivas, vaquejadas, artistas populares no meio da feira, momentos religiosos e tantas outras manifestações do povo. Querendo um canal para veicular o seu trabalho, fundou com João Varjota a TV Assaré Online. Desfeita a socieda, criou a TV Quixabeira do Assaré, um meio de comunicação que coleciona uma larga audiência, diante da sua legião de ouvintes. Cuidadoso com a sua profissão, Cícero Ferreira adquire constantemente novos equipamentos de filmagem a edição para dá maior qualidade ao seu trabalho. Suas câmeras são todas profissionais. Membro de uma família musical, Cícero é músico profissional. Toca trombone e por muitos anos fez parte da Banda Manuel de Benta de Assaré.

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