O 1º fato lembra o centenário do empresário Raimundo Moacir de Alencar Mota.
Moacir Mota: o homem que ensinou o Assaré a ser chic.
No próximo mês de junho, se vivo fosse, o empresário Raimundo Moacir de Alencar Mota, ou simplesmente Moacir Mota, completaria 100 anos de nascimento.
Quem foi?
A memória do Assaré jamais deixará se apagar a história de vida de Moacir Mota, o empresário que mesmo tendo nascido e se criado na cidade, tornara-se um homem de visão moderna, mudando as práticas comerciais e interferindo em todos os setores da sociedade.
Quando contava com 13 anos apenas, assumiu o estabelecimento comercial fundado por seu pai, Abel Mota, que passava a maior parte do tempo fechado, funcionando praticamente no dia da feira. Na época o Assaré era essencialmente agrícola. Com exceção de um número reduzido de funcionários públicos, o resto da população urbana vivia da agricultura. Até mesmo os comerciantes.
Foi neste Assaré distante das novidades, privilégio somente das grandes cidades, que Moacir agiu pensando grandiosamente. Mesmo adolescente, discordou do pai e passou a abrir o estabelecimento rigorosamente todos os dias. Chegava muito cedo, cerrando as portas somente no final do dia. Para divulgar a sua loja, em um tempo de precários meios de comunicação, ele usava o seu próprio carisma. Depois de limpar as mercadorias, deixar tudo em ordem, saía até a calçada para conquistar a freguesia. Proseava com quem passava e aproveitava para mostrar os seus produtos.
Com o passar do tempo ele entendeu que os assareenses poderiam se vestir bem melhor, como os residentes em grandes centros. Porque quem vestia uma calça do brim próprio para o trabalho braçal, conhecido por ‘arranca toco’, podia sim, se meter dentro de um terno da casimira e andar na moda. Por conta desta ousadia, passou a incluir nos pedidos feitos aos caixeiros-viajantes, tecidos nobres como, o linho e cambraia inglesa para homens, sedas e outros tecidos finos para mulheres.
No início da década de 1940, a Casa Moacir Mota, já era referência na região do Cariri. A qualidade dos seus tecidos, produtos das melhores tecelagens do Brasil e a política de preços, atraia fregueses também dos municípios vizinhos e até mesmo de Crato. Além dos tecidos, Moacir Mota, colocou nas prateleiras da sua loja as mais famosas linhas de chapéus de pelo de lebre. Pelas ótimas vendas, a marca de Ramenzoni Pelo de Lebre, que fabricava os melhores chapéus do Mundo, criou uma linha pessoalizada para a Casa Moacir Mota em Assaré.
A política.
Moacir Mota não se identificava com a política. Foi vereador e vice-prefeito uma única vez e deixou de ser prefeito em muitas ocasiões. A sua popularidade o recomendava a estes cargos. Mas, sempre dizia aos amigos: “Eu sou comerciante e sinto que posso servir à minha terra sem a necessidade de ser prefeito”. Era verdade. A sua passagem rápida na política foi apenas para satisfazer a vontade do seu cunhado e amigo Padre Agamenom Coelho. Na verdade, Moacir Mota realmente não precisou de política para praticar as suas ações de cunho social. É preciso que sejam citados sobre o mesmo, dois momentos de grandeza e amor pelo Assaré. Fora ele quem investiu na instalação do Ginásio Assareense, do Dr. João Bantim de Sousa. Como ainda, no momento de implantação da rede energia da Coelce, hoje Enel, (energia de Paulo Afonso), o empresário entrou com apoio logístico junto a construtora para acelerar o processo.
Seus feitos são incontáveis. Até emprestar dinheiro sem cobrar juros ele fez a agricultores sem terra, que queriam a oportunidade para adquirir um pequeno terreno onde pudesse plantar, criar e morar.
Imortalidade.
Hoje, o comerciante assareense é lembrado na cidade por ter emprestado o seu nome ao prédio da Escola do Estado, sendo também o nome de uma rua no bairro Vila Mota.
A sugestão seria que a família de Moacir Mota e os historiadores locais, não deixassem que esta data passasse por desapercebida. A efeméride recomenda a publicação de um livro ou um portfólio para imortalizar a imagem progressista deste cidadão. Lembremos que se os tempos de Moacir Mota fossem hoje, com certeza, teria ele uma grande rede de lojas na região. Pois, mesmo no Assaré, ele concorria com grandes lojas sediadas em Crato, Juazeiro e Iguatu.
Pode-se até confirmar, que Moacir Mota aplicou o primeiro golpe contra a discriminação à população rural. Ele entendia que os trabalhadores e trabalhadoras rurais tinham direito a andar bem vestidos. Porque civilidade não tem endereço urbano, e sim, onde residem as pessoas que produzem e contribuem para o engrandecimento do País.
Fonte:Jesus Leite
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