Artistas assareenses homenagearam o sanfoneiro Antonio Urso em Farias Brito.
Fotos:(Jesus Leite)
Os artistas ligados a música no Município de Assaré participaram da missa do 30º dia de falecimento do sanfoneiro Antonio Urso, ocorrida no dia 17 de dezembro por conta de um acidente nas proximidades da cidade de Várzea Alegre.
A missa foi celebrada na cidade de Farias Brito, onde Antonio residia.
Nas homenagens, o poeta popular Manuel do Cego declamou um cordel que fez em homenagem ao artista. Já a radialista Jeane Neres leu uma crônica em nome dos artistas, dos amigos, do secretário Vavá Gois e do prefeito Evanderto Almeida. O texto que se inicia com duas estrofes de cordel e continua em estilo de crônica segue a baixo.
A o tom saiu sem a nota,
A sanfona emudeceu,
O violão se calou,
A zabumba entristeceu,
O sertão todo chorou,
Quando o celular bradou,
Antonio Urso morreu.
Foi um exemplar artista,
Movido de vocação,
Na sanfona se fez grande,
Mapeou cada botão,
Em cada um que apertava,
O som que fole soprava,
Movia todo o sertão.
“Antonio conseguiu ser gênio na sua simplicidade cabocla. Por não ser letrado, a sua inspiração fluía espontaneamente, porque bebia na fonte da cultura popular sertaneja. Melhor assim.
E assim foi. Pois, aquele sanfoneiro e cantor do povo de Deus, criou a sua impostação de voz, a sua performance de palco, o seu estilo próprio para trabalhar com o instrumento, nivelando os acordes, provocando incomparável harmonia.
Não seria estranho dizer que Antonio Urso fez uma leitura de nordeste partindo do seu subconsciente. Soube o que cantar e tocar para o povo. Porque tocava e cantava as coisas do povo. Fora ele um verdadeiro interprete do lado B, como dizia Luiz Gonzaga, ao se referir as melhores composições. O lado B, para que se entenda, é fácil de explicar.
Até bem poucos anos atrás, os artistas da música, registravam as suas obras em discos de vinil, geralmente com 12 faixas, sendo 6 para cada lado. Na face A do disco, as gravadoras colocavam as músicas de apelo comercial. E no lado B, entrevam as composições mais culturais. Eram estas gravações preferidas por Antonio. Ao sair o disco anual do Trio Nordestino, de outros forrozeiros, até mesmo o Luiz Gonzaga, Antonio não seguia o roteiro mediático. Ia para o lado B e se deu bem. “Eu gosto de cantar aquilo que toca o meu coração. O resto eu sei fazer direitinho para agradar o público. Não canto músicas de duplo sentidos ou indecentes. A minha voz não dá para divulgar este tipo de letra”, costumava dizer em roda de amigos.
E por falar em amigos, foi o que mais ele fez na vida. Em todos os municípios da região, onde tocou que nem cigarra era muito querido e conhecido. Era capaz de ser acolhido em qualquer residência, recebido com carinho. Nunca um hotel conheceu o peso do seu dinheiro, porque sempre tinha vários lugares para se hospedar em casas de amigos.
Sabia conquistar os profissionais que lhe acompanhavam na percussão. Todos queriam com ele tocar.
Ainda caiu sobre Antonio Urso o interesse para divulgar outros ritmos irmãos do forró, como cocos, rojões e o samba de latada. É preciso que saibamos que o samba de latada é o samba nordestino. Até mais antigo do que o samba do Rio de Janeiro.
Era o que todos os sanfoneiros deveriam fazer. Preservar a sua cultural musical nordestina em todas as dimensões e estilos. Isso porque a cultura do povo da nossa região é uma das mais belas do Mundo e de profundas raízes, com a cultura eslava.
Antonio fez a sua úlltima viagem, para viver no reino dos vivos, junto ao Pai Eterno. Mas, partiu deixando a certeza do dever cumprido como profissional, como cidadão, como chefe de família e como pessoa que viveu para o bem.
Queremos neste momento, nos solidarizarmos com os seus familiares, garantindo que eles não estão sozinhos na dor. Nós, assareenses também estamos inconformados.
Aqui estamos em comitiva de artistas assarenses e trazendo carinho da população do nosso município que amava Antonio Urso na sua arte e na sua simplicidade.
E por fim trazendo uma mensagem de conforto a família do extinto, do Secretário de Cultura Vavá Gois e do Prefeito Evanderto Almeida que infelizmente não puderam comparecer e nos mandaram representá-los”.
Os artistas assareenses presentes foram: o percussionista Everardo, o poeta Manuel do Cego, o cantor e compositor Alencar, o músico Giovane do Cavaquinho, o sanfoneiro Raimundinho do Juá, o promotor cultural Renan Alves , o comerciante Barrinha e os jornalistas Jesus Leite e Jeane Neres.
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